terça-feira, 29 de abril de 2014

O DEUS DAS SETE PALAVRAS DA CRUZ


Muitas igrejas realizam anualmente a cerimônia das "Sete Palavras da Cruz". Este tradicional evento, celebrado comumente nos dias que antecedem a Páscoa, foi inspirado nas sete últimas frases proferidas por Cristo antes de sua morte. Confesso que, mesmo depois de mais de vinte anos escutando ano após ano o significado de cada uma delas, não me tornei uma pessoa melhor, quem sabe um pouco mais informada, nada mais do que isso. Não que este evento seja de todo ruim, mas a partir do momento que o verdadeiro significado da cruz tomou sentindo em minha vida, o ritual se tornou desnecessário (para não dizer enfadonho), pois o Jesus que proferiu cada uma dessas frases passou a fazer parte da minha existência, e isso é indiscutivelmente maior. E foi através deste encontro transformador que passei a entender e viver o sacrifício feito por Cristo na cruz. Sete palavras ou dez? Não importa! A verdade da cruz vai muito além das palavras, números ou tradições, e se traduz em:


Amor: Deus é amor, no amor não há medo. Pelo contrário, o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. Quem se encontra com a cruz perde o medo de Deus. "Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores." Romanos 5:8. Olho para a cruz e não vejo mais um Deus irado, pronto a me castigar,  mas um Deus de amor. Não preciso mais andar assombrado pela culpa ou medo de ser acusado: "Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo?[...] Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor". Romanos 8:33-39

Graça: Favor imerecido de Deus. Ou seja, ele se relaciona conosco independente dos nossos méritos e deméritos. O amor de Deus não depende do que fazemos ou deixamos de fazer. Não precisamos de sacrifícios para receber sua graça, seu amor e perdão, pois o favor é imerecido! Tudo o que precisava ser feito já foi feito através do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, só precisamos crer: "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus" Efésios 2:8

Salvação: A cruz nos faz reconhecer que precisamos ser salvos, ela nos faz admitir a nossa incompetência, fraquezas e falências, e dessa forma encontramos salvação na cruz. Quem se encontra com a cruz de Cristo não tem vergonha de admitir que precisa de ajuda: "Não dei conta, preciso de socorro, preciso ser salvo por Deus!". E talvez Deus use um terapeuta, um psicólogo, um médico, um amigo ou uma comunidade para te socorrer. Quem se encontra com a cruz de Cristo não tem vergonha de pedir ajuda e reconhecer que sozinho não é capaz. E em Cristo temos a promessa de que seremos socorridos.

Perdão: Só não precisa de perdão quem é perfeito. Mas nós não somos perfeitos, por isso precisamos do perdão. E quando recebemos o perdão de Deus através do nosso encontro com a cruz, o ouvimos dizer: "Eu sei que você não é perfeito, eu sei que é falho, eu sei que peca, mas o meu amor pela sua vida independe disso. Eu te perdoo!" O relacionamento de Deus conosco se desenvolve a partir do perdão, então compreendemos que devemos estender este ato de perdão aos nossos relacionamentos, pois lidamos com pessoas imperfeitas.

Misericórdia: Oportunidade de recomeçarmos a cada dia. A misericórdia de Deus nos dá esperança. O que eu fui ontem não determina quem serei amanhã, pois recebo a oportunidade de ser uma nova pessoa. É como ganhar uma folha em branco a cada manhã.

Reconciliação: Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. Ele veio nos justificar, tornar justos pecadores. A cruz promove a reconciliação: haste vertical = reconciliação com Deus e haste horizontal = reconciliação entre a humanidade. Quem se entende reconciliado, perdoado, salvo, alvo de misericórdia e amado, não tem alternativa senão estender a mesma oportunidade aos que os cercam, promovendo assim a reconciliação em seus relacionamentos.

Libertação: A Bíblia nos diz que o mundo está povoado de espíritos imundos e demônios, e que o líder desses espíritos é satanás. Ela também diz que com a morte de Cristo a nossa dívida com Deus foi paga, pregada na cruz. A justiça de Deus foi satisfeita. Na cruz Jesus despojou o império das trevas. E o que é despojar? Fazer com que o exército inimigo coloque suas armas no chão. Por isso a Bíblia nos ensina que a arma usada pelo diabo não é o seu poder, mas a capacidade de seduzir e mentir. Quem se encontra com a cruz é liberto da ação dos espíritos imundos que escravizam consciências, vontades, emoções, que promovem destruição, discórdia, que dividem famílias, que confundem palavras, que geram espírito de vingança, murmuração ou fofoca. Deixamos também de temer o mal, a escuridão, as pestes, macumbas... O que é mais forte que a cruz de Cristo? Só tenha medo de sair da sombra da Cruz e se relacionar voluntariamente com os espírito das trevas e tudo o que diz respeito ao mau. Se você anda na luz, os espírito malignos não tem acesso a você. Essa é a liberdade que encontramos em Cristo.

Subversão: Quando nos encontramos com cruz, o mundo vira de cabeça pra baixo e fica do jeito certo. O que está de cabeça pra baixo mesmo é este mundo em que vivemos. A Bíblia diz que não é dos fortes a vitória e nem dos que correm melhor. Conta também sobre meninos pequenos que derrubaram gigantes. Ela nos ensina que Deus resiste o soberbo e dá graça aos humildes, que bem aventurados são os pobres e que Deus está do lado dos oprimidos, dos fracos, injustiçados, da prostituta, do ladrão, do leproso... A cruz é algo escandaloso, loucura para os que não creem. É subversão!

Missão: Aquele que se encontra com a Cruz de Cristo enxerga o mundo a partir da ótica do Reino de Deus e se identifica como crucificado: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me." Lucas 9:23. "Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja." Colossenses 1 :24. Ou seja, estou tão identificado com Cristo que o que o faz chorar também me faz chorar, o que o faz sofrer, também me faz sofrer, e este sofrimento não me deixa imóvel, ele me impele a agir, a mudar aquilo que está errado anunciando a salvação. O "Ide" faz parte dos ser daquele que entendeu a cruz.

Ressurreição: Jesus não ficou morto, ele ressuscitou e nos prometeu a ressurreição. Não falamos da morte, mas de vida. A morte não tem a última palavra. A cruz está vazia, e é nela que encontramos o sentido para esta vida.

Comparado a estas verdades, os ritos e tradições religiosas ficam pequenos demais, pois não transformam caráter, não amadurecem e não trazem crescimento na caminhada espiritual. Muitas vezes os bancos estão cheios, mas as almas continuam pequenas e os corações vazios. Eventos e programações que não resultam em metanoia, mudança de mente, podem até levar o nome de Cristo, mas nos fazem permanecer no mesmo degrau da escada da santificação.  A Palavra Viva, que é Cristo, é a única capaz de penetrar ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julgar os pensamentos e intenções do coração, trazendo transformação e consciência da cruz, portanto, quando decidir conclamar a sua comunidade para um momento especial, que seja um momento de confronto com a verdade que liberta! O tempo urge!


Desejo à você um feliz encontro com a cruz!


Dani Marques


*Os dez tópicos acima foram transcritos de uma mensagem do pastor Ed René Kivitz (IBAB - 06/04/14). Adaptações e acréscimos de Daniela Marques.

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